O Brasil tem avançado na recuperação de áreas degradas, com milhares de produtores rurais, empresas, organizações da sociedade civil e governos comprometidos coma restauração ecológica. Essas iniciativas apoiam na manutenção dos serviços ecossistêmicos prestados à sociedade e ajudam o país a cumprir suas metas nacionais e internacionais.

O Observatório da Restauração e Reflorestamento (ORR) foi criado para mapear e identificar essa restauração. Observatório reúne dados de iniciativas de restauração em andamento no país e os complementa com monitoramento via satélite. A plataforma é coordenada pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura por meio de um grupo gestor composto pelo WRI Brasil, Imazon, WWF Brasil e The Nature Conservancy (TNC) Brasil, em parceria com movimentos de restauração e o grupo técnico.

Dados atualizados e o avanço da restauração  

O Observatório já identificou mais de 150 mil hectares em processo de restauração no Brasil, o que apresenta um aumento de 90% em relação aos números de 2021. A maior parte dessas iniciativas está concentrada na Mata Atlântica, com 117 mil hectares restaurados, seguida pelo Cerrado, com 19,6 mil hectares, e pela Amazônia, com 14,5 mil hectares.  

Os dados do ORR estão disponíveis em observatoriodarestauracao.org.br.

Esses números reforçam a importância da restauração como uma atividade que gera empregos, garante uma agricultura mais sustentável e ajudar o país a cumprir seus compromissos climáticos, como a restauração de 12 milhões de hectares até 2030, estabelecida no Acordo de Paris.

Além dos dados de restauração, o Observatório também mapeia números de reflorestamento – o plantio e cultivo de árvores para fins silviculturais – e de vegetação secundária. A regeneração natural, se conduzida a partir de intervenções para garantir a permanência da vegetação nativa, pode ser ferramenta crucial para dar escala à restauração no país.  

A plataforma oferece duas interfaces principais. A primeira, mais técnica, permite que os usuários visualizem os dados em um mapa do Brasil e realizem análises espaciais detalhadas. Isso facilita a contabilização dos avanços e dá mais transparência a evolução da restauração ao longo do tempo.  

A segunda interface apresenta os dados principais de forma compilada, permitindo que os gestores públicos e privados, pesquisadores e a sociedade civil tomem decisões informadas. Empresas podem dar visibilidade às suas áreas de restauração e o setor financeiro pode acompanhar ações na agenda de ESG (Ambiental, Social e Governança).  

Visibilidade para quem está fazendo acontecer

Uma das mais importantes características do Observatório da Restauração e Reflorestamento é dar visibilidade para os produtores e organizações que estão restaurando na ponta. Esse reconhecimento é crucial para dar transparência e reconhecer o importante trabalho desenvolvido daqueles que estão fazendo a restauração se tornar realidade. Demonstrar avanços pode alavancar o acesso a recursos e ao financiamento necessário para acelerar e aumentar a escala da restauração.

O papel de movimentos de restauração, produtores, empresas, governos, organizações da sociedade civil e instituições de pesquisas foi crucial no levantamento das informações. Os coletivos biomáticos de restauração - Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Rede pela Restauração da Caatinga, Pacto pela Restauração do Pantanal, Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum), Aliança pela Restauração da Amazônia e Rede Sul – contribuíram significativamente para esse esforço de transparência.  

As diversas parcerias firmadas nos últimos anos permitiram que o ORR ganhasse capilaridade e, assim, trouxesse mais capacidade de reportar o avanço da restauração no Brasil.

Também é importante dar visibilidade para políticas públicas que promovem e incentivam a restauração. O Observatório permite que o usuário faça buscas por município, tornando possível ver onde a restauração está acontecendo. Como por exemplo, o trabalho da prefeitura de Extrema (MG) e do programa Conservador da Mantiqueira, além da incorporação de bases de dados estaduais.  

Restauração e reflorestamento

Lançado em 2021, o ORR é uma plataforma independente e multissetorial dedicada ao mapeamento da recuperação da vegetação nativa no Brasil.  

Para isso, ela classifica os esforços de recuperação em três grandes grupos: restauração, reflorestamento e vegetação secundária.  

  • Restauração: processo de auxílio ao reestabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído.  
  • Reflorestamento: o plantio e cultivo de árvores para atividade silvicultural, seja de espécies exóticas, como pinus e eucalipto, seja pela silvicultura de espécies nativas.
  • Vegetação secundária: processo de regeneração natural sem qualquer tipo de intervenção antrópica após um tipo de corte raso, queimada ou uso para agricultura, ou pastagem.

Nos últimos três anos, o ORR dedicou-se à qualificação dos dados compilados na primeira versão da ferramenta, adequação a questões legais sobre dados, à coleta de novas informações e ao estabelecimento de parcerias com os coletivos biomáticos.

Diversos atores estão envolvidos na restauração. Governos e bancos nacionais e internacionais financiam a atividade no país. Organizações da sociedade civil e associações atentam para os benefícios ambientais da prática. As empresas têm aderido ao setor por diversas razões, como a comercialização de créditos de carbono e medidas de compensação ambiental.

Um esforço contínuo e colaborativo

O Observatório da Restauração e Reflorestamento é uma plataforma dinâmica, que continuamente busca novos dados e aprimora as informações disponíveis. É necessário esforço contínuo de engajamento junto a produtores rurais, empresas, organizações da sociedade civil e gestores públicos para compartilhamento de seus dados, para que o Brasil se consolide como líder global na desmobilização de informações e ação efetiva na agenda da restauração. Esse esforço conjunto é essencial para garantir a proteção da biodiversidade e promover um futuro mais sustentável para todos.