Rio de Janeiro, Brasil (18 de novembro de 2024): O G20 aprovou a declaração final da cúpula que acontece no Rio de Janeiro. O texto, negociado ao longo dos últimos meses, tem 24 páginas e contempla as prioridades elencadas pela presidência brasileira no final do ano passado, quando assumiu a presidência do G20. Entre elas, a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, a transição energética e o combate à fome.

A seguir, o posicionamento de Karen Silverwood-Cope, diretora de Clima do WRI Brasil:

"Com a Cúpula dos chefes de estados do maior bloco econômico acontecendo ao mesmo tempo que a COP29 no Azerbaijão a pergunta central é: como esses dois espaços se conectam? O comunicado do G20 deste ano deixa clara a prioridade que as lideranças globais estão dando em destravar o fluxo de financiamento para o clima. O sucesso da COP29 passa pela discussão sobre a nova meta global de financiamento climático (NCQG), que precisa definir não apenas um novo montante financeiro, mas também resolver questões como facilidade de acesso, baixo custo, previsibilidade e eficácia.  

"No comunicado, os países do G20 concordam que é necessária uma reforma da arquitetura de financiamento dos bancos multilaterais de desenvolvimento para o sucesso da ação climática. Com ativos que ultrapassam US$ 23 trilhões em 155 países, os bancos multilaterais de desenvolvimento precisam reduzir custos de capital e aumentar significativamente o financiamento concessional. Também há uma grande aposta nas Plataformas de País, como a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica do Brasil. O objetivo é criar canais de conexão entre prioridades para a ação climática nacional e fluxos financeiros públicos e privados.  

"Estima-se que o mundo precisa de cerca de US$ 6,5 trilhões por ano, em média, até 2030 para a transição da economia. Isso inclui investimentos para a redução de emissões e para adaptação, outro ponto de consenso do G20, que também pode influenciar as discussões do NCQG na COP29.  

"O G20 é um fórum essencial para uma ação climática ambiciosa, pois representa 80% do PIB global, 75% do comércio internacional e aproximadamente 80% das emissões globais de gases de efeito estufa.  Além de colocar o clima no centro, o G20 também reconheceu que a ação climática não pode vir isolada, sem incluir a redução da pobreza e da fome.  

"A convergência das prioridades do G20 e das negociações da COP29 marca um momento crítico na política climática internacional. A continuidade da pauta climática no G20 pela presidência da África do Sul será fundamental para manter tração no tema em um ano crítico para o Brasil enquanto pavimenta o caminho para a presidência da COP30 a ser realizada em Belém em 2025."