Bonn encerra com alguns avanços e questões abertas para Belém
BONN, ALEMANHA (26 de junho de 2025) – As negociações na Conferência de Bonn de 2025 foram concluídas após um início difícil, com um atraso de dois dias na definição da agenda que reduziu o tempo disponível para negociações. O encontro era um momento importante de preparação para a COP30. As conversas – majoritariamente técnicas – tinham como objetivo avançar em temas centrais como adaptação, mitigação e transição justa. Embora alguns avanços tenham ocorrido, tensões políticas abalaram o ritmo das discussões.
A seguir, o posicionamento de Karen Silverwood-Cope, Diretora de Clima, Economia e Finanças do WRI Brasil:
"A presidência brasileira da COP30 chegou a Bonn com a intenção de inaugurar um novo ciclo de colaboração, convocando um mutirão global para a implementação do Acordo de Paris, após negociações tensas em Baku no ano passado. Esse esforço ajudou na rota para Belém com avanços nos três textos principais de negociação, embora o ambiente continue marcado por fortes tensões geopolíticas.
Os países até avançaram nos indicadores para acompanhar a Meta Global de Adaptação, fundamental para o monitoramento e transparência, mas ainda há muito a ser definido até Belém, como a inclusão do monitoramento do financiamento climático para adaptação.
Também houve progresso no texto do Programa de Trabalho de Transição Justa. Reconhecer questões de trabalho e proteção social, além de gênero, raça e afrodescendência, será essencial para uma economia de baixo carbono centrada nas pessoas. Isso já começa a ser refletido no Plano Clima, que tem a transição justa como estratégia transversal, e aparece de maneira crescente nas políticas domésticas de outros países.
As sinergias da agenda de natureza e clima ecoaram fortemente em Bonn. Mesmo fora do escopo das negociações, os avanços de mobilização de capital público e privado para a operacionalização do TFFF podem contar positivamente para o Brasil.
A presidência brasileira da COP30 trouxe uma proposta concisa e objetiva para a Agenda de Ação, integrada aos compromissos do Balanço Global. É hora de governos, empresas e instituições financeiras responderem ao chamado para avançar na implementação e dar impulso ao mutirão global proposto pelo Brasil. Todo avanço importa para manter o 1,5°C ao alcance."