O desafio climático é transversal e sistêmico. Não há como enfrentá-lo sem repensar a forma como construímos nossas cidades, como consumimos e geramos energia ou como nos deslocamos, por exemplo.  

É o que fez a cidade de Campinas (SP) em seu Plano Local de Ação Climática (PLAC). O plano firma o compromisso da cidade de alcançar emissões líquidas zero em 2050, e estabelece as ações prioritárias para chegar lá enquanto também promove a justiça climática e o bem-estar da população.  

O documento foi lançado através da assinatura de um decreto municipal em 27 de junho, em cerimônia no Paço Municipal, com a presença do prefeito, Dario Saadi, e outras autoridades, além de especialistas do WRI que participaram do apoio técnico dado à cidade, no âmbito da iniciativa Ação Climática Integrada.

prefeito assina plano de ação climática de campinas

 

Compromisso com a ação climática integrada

O PLAC combina a atuação dos diversos setores municipais de modo a gerar as mudanças necessárias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa ao mesmo tempo em que aumenta a resiliência da cidade diante de eventos extremos e melhora a qualidade de vida da população. Essa visão está refletida nos cinco objetivos estratégicos da política: garantir que os serviços urbanos sejam resilientes, de baixo carbono, eficientes e acessíveis a todos; proteger as comunidades, o ambiente natural e construído contra os riscos climáticos; promover um desenho urbano compacto, conectado e resiliente que priorize as pessoas e a natureza; garantir que ninguém seja deixado para trás, adotando abordagens e ações inclusivas e equitativas; fomentar um desenvolvimento local sustentável de baixo carbono e a redução das emissões de gases de efeito estufa na cidade.

O plano está estruturado em cinco eixos de ação: energia renovável, confiável e edificações resilientes para todos; saneamento básico resiliente; mobilidade urbana e sistemas sustentáveis de transporte; desenvolvimento urbano e rural inteligente em relação ao clima; e educação, resiliência e integração climática. Os eixos contêm 20 ações, 96 subações e cerca de 150 atividades-chave, com prazos de conclusão e setores ou atores responsáveis.  

Para guiar a elaboração do PLAC, o WRI aplicou uma metodologia-piloto que busca diminuir o tempo entre planejamento e implementação e teve como um de seus produtos um documento que mostra um caminho para destravar aspectos-chave para a implementação das ações previstas. O processo durou 15 meses e incluiu a realização de oficinas com diferentes setores da cidade, e estudos técnicos alinhados à ciência climática mais atual. Os estudos incluíram a atualização do inventário de emissões de gases de efeito estufa, a projeção de ameaças climáticas futuras e o apoio na construção de cenários de emissões de gases de efeito estufa.  

O plano também foi subsidiado por outros documentos e políticas desenvolvidos com apoio do WRI Brasil. Um deles é a Estratégia Municipal Multiescalar para Adoção de Soluções Baseadas na Natureza (SBN), elaborada em 2022, que subsidiou a revisão dos planos ambientais da cidade e está refletido na incorporação transversal das SBN em diferentes eixos do PLAC. Além disso, no âmbito da TUMI Missão Ônibus Elétricos, apoiamos Campinas no planejamento da eletrificação de sua frota de ônibus. O apoio está refletido nas metas de transição de 40% da frota do transporte público para veículos zero emissão em 2040, e 70% em 2050.

Parque Linear do Córrego do Piçarrão
Parque Linear do Córrego do Piçarrão, em Campinas (foto: Vitor Moraes Ribeiro e Paulo Ricardo Egydio de Carvalho Neto)

O Plano Local de Ação Climática de Campinas é o ponto mais recente de uma longa trajetória de comprometimento com o clima, as pessoas e a natureza. A base em evidências, a integração e alinhamento com as diversas políticas que incidem sobre o território e a governança multinível são premissas que toda cidade deve ter em conta ao planejar suas próprias ações.