Este post foi escrito por Priscila Pacheco e originalmente publicado no TheCityFix Brasil.


Ao proferir que “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, Simone de Beauvoir assinala a construção social que define o que é ser mulher. Historicamente, foi reservado às mulheres um não-lugar na sociedade: o não direito ao voto, o não direito a concorrer a cargos políticos, o não direito ao trabalho e à educação. Por muito tempo, foram “mal vistas” mulheres que dirigissem a palavra aos homens, que saíssem de casa sem o marido, que se divorciassem ou não fossem casadas. Em 2017, ainda são “mal vistas” as mulheres que ousam escolher: a roupa que vestem, o que dizem, a profissão que seguem, se querem ou não se tornar mães ou esposas.

No Brasil, como no mundo de forma geral, gradativamente as mulheres conquistaram seu espaço. Hoje, representam a maior parte da população brasileira (51,4%), ocupam cada vez mais espaço no mercado de trabalho e são responsáveis pelo sustento de 37,2% das famílias. O avanço, porém, pode gerar uma falsa impressão e ofuscar a informações da FGV, apuradas pela Folha de S. Paulo.

A caminhada é longa – muito já foi conquistado e muito ainda exige luta. Não à toa, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas para a Agenda 2030 é a igualdade de gênero. É preciso, ressalta em artigo o secretário-geral da ONU, António Guterres, adotar políticas e realizar as reformas necessárias para o “empoderamento de todas as mulheres e meninas, em todos os níveis”.

Mulheres do WRI Brasil Mulheres do WRI Brasil em São Paulo (SP). Da esquerda para a direita: Viviane Romeiro, Mariana Oliveira, Maria de Sousa, Claudia Garcia, Katerina Elias-Trostmann e Selma Bombachini (Foto: Mauricio Boff/WRI Brasil)

A equidade de gênero é um desafio, uma urgência e, em absoluto, uma discussão que deve ocupar as mesas e o dia a dia de todos, mulheres e homens. Hoje, porém, no Dia Internacional da Mulher, a palavra é delas. No WRI Brasil, somos 41 mulheres. Engenheiras, geógrafas, arquitetas, jornalistas, advogadas. Estudantes, graduadas, mestras, doutoras. Mulheres que começam ou já percorreram uma notável trajetória. Mulheres fortes, independentes, poderosas.

Conheça as mulheres do WRI Brasil.


Karla Battistella Diretora de Operações
Creio que somos privilegiadas por termos crescido com acesso à educação, convivência familiar e estrutura social. Penso que o dia 8 também se presta a nos lembrar de que muitas de nós, mulheres, ainda vivem em condições onde o respeito está ausente. Dia 8 é para falar para todos os cantos que as mulheres serão respeitadas.

Karla Battistella, Diretora de Operações


Cintia Martins Freitas Coordenadora de Relações Institucionais
As mulheres têm a energia e a força para transformar o olhar da humanidade e, dessa maneira, mudar o mundo. De um olhar do quadrado, cinza e concreto para um olhar do humano, da natureza e da saúde/sustentabilidade. De um olhar de ego e indivíduo para um olhar de coletivo e comunidades. De um olhar de força bruta e imposição para um olhar de diálogo, compreensão e empatia. Após centenas de anos confinadas nas casas, é hora de mulheres tomarem conta da esfera pública e transformar todo esse conhecimento acumulado sobre liderança no âmbito familiar para a liderança nas sociedades. A equidade entre gêneros – especialmente entre implementadores de políticas públicas – é um passo essencial para converter o mundo em um lugar mais justo, seguro, sustentável e acolhedor a todos.

Cintia Martins Freitas, Coordenadora de Relações Institucionais


Mariana Gil Especialista de Comunicação Visual
Estar na rua é certamente uma das coisas que mais gosto de fazer no meu tempo livre. Ver lojas, pessoas, frequentar bares, apenas caminhar pelas ruas e explorar cores, texturas e cheiros da cidade. Quando viajo, essa é também minha forma de viver o lugar que estou visitando. Tudo lindo, não fosse um pequeno detalhe: sou mulher. Nem todos os lugares são seguros, nem todas os horários são “permitidos” a mim. O que legitima isso? Por que nos sentimos assim? Por que uma mulher sozinha na rua é mais vulnerável a assaltos e à violência que mulheres? Luto por espaços igualitários, espaços onde possa me sentir segura independente de minhas roupas e escolhas. Luto para que a liberdade seja de fato feminina.

Mariana Gil, Especialista de Comunicação Visual


Paula Santos Coordenadora de Mobilidade Urbana e Acessibilidade
Ser mulher é fazer o que quiser. Parece uma tarefa fácil, mas não é. Para ser o que quer, a mulher enfrenta barreiras diárias, desde um simples bom dia para o porteiro do prédio até as reuniões profissionais que lideram. Barreiras nos olhares e nas atitudes das pessoas. Não apenas dos homens. A mulher sofre ataques frequentes de outras mulheres, que nem se dão conta de que estão jogando do outro lado ao fazer algum comentário. Se, por um lado, ainda percebo que a maioria das mulheres, inclusive as que se intitulam feministas, não percebem as pequenas atitudes capazes de agregar para a equidade dos gêneros, por outro lado é visível que este assunto está mais presente nas conversas das pessoas. O Dia Internacional da Mulher pode ter iniciado como uma homenagem, mas hoje mais do que isso: é um dia para lembrar que a evolução deve acontecer e ninguém pode esquecer disso.

Paula Santos, Coordenadora de Mobilidade Urbana e Acessibilidade


Lara Caccia Especialista de Desenvolvimento Urbano
O Dia da Mulher, para mim, representa luta. Ele é extremamente importante para dar visibilidade às pautas e aos direitos das mulheres, que precisam ser conquistados ou constantemente reafirmados. Chega a ser um pouco frustrante que ainda tenhamos que lutar, em pleno 2017, por questões básicas como equidade salarial, liberdades individuais e combater o feminicídio. No meio profissional, por exemplo, independentemente da qualidade e capacitação, as mulheres ainda enfrentam muitas barreiras para serem reconhecidas. Isso é visível em eventos e nos altos cargos públicos e privados, que ainda são ocupados majoritariamente por homens. Fico feliz de trabalhar em um local onde a maior parte das profissionais são mulheres, incríveis e muito capacitadas.

Lara Caccia, Especialista de Desenvolvimento Urbano


Laura Azevedo Analista de Desenvolvimento Urbano
Para mim, o Dia da Mulher significa resistência, orgulho e luta. Olhar ao redor e perceber que trabalho em um ambiente majoritariamente composto por mulheres é simplesmente incrível, porém sei que isso é um privilégio para poucas. Acredito que, cada vez mais, devemos incentivar a presença de profissionais mulheres ocupando cargos de alto escalão, tanto no setor público quanto no privado, para que possamos dar voz àquelas que não possuem a mesma oportunidade. Ainda, por trabalhar na área de planejamento e desenho urbano, acredito que devemos sempre pensar em maneiras e estratégias para tornar nossas cidades e nosso espaços públicos mais seguros e atrativos para nós, mulheres.

Laura Azeredo, Analista de Desenvolvimento Urbano


Priscila Pacheco Analista de Comunicação
Como mulher, quero ter respeitado o meu direito de ser. Apenas ser: ser, sem ser questionada; ser, sem ser assediada; ser, sem ser silenciada; ser, sem sentir medo. Para as meninas que hoje crescem, quero uma educação não sexista e um mundo que as ensine que podem ser – apenas ser – e o que quiserem. O Dia da Mulher representa luta – e a luta é de todos os dias. Precisamos ocupar os espaços, porque temos direito de estar onde quisermos, e elevar nossa voz, porque temos o direito de falar e sermos ouvidas. Precisamos, acima de tudo, lutar juntas. Juntas, nossa voz e nossa força vão além.

Priscila Pacheco, Analista de Comunicação


Luiza de Oliveira Schmidt Coordenadora de Cidades
No Dia da Mulher devemos lembrar que, apesar de muitas conquistas, muitas ainda são as nossas lutas. Entre todas elas, a luta por liberdade. Liberdade de viver a cidade sem medo, de sermos vistas e respeitadas sem julgamentos, de acessar as oportunidades, de fazer escolhas, de sermos mulheres! Tenho a honra de trabalhar ao lado de tantas mulheres talentosas e batalhadoras. Espero ver cada vez mais mulheres no mercado de trabalho, com salários justos e em postos de liderança. Mais do que isso, quero ver mulheres conquistando tudo isso sem precisar mudar, se adaptar, provar alguma coisa. O caminho é longo, por isso devemos seguir lutando, juntas.

Luiza de Oliveira Schmidt, Coordenadora de Cidades


Mariana Oliveira Analista de Pesquisas
Hoje é dia de repensar nossas relações. Este dia é momento de reflexão sobre a liberdade de cada pessoa de tomar decisões sobre si. Dia de reforçar a necessidade de sermos protagonistas da mudança para uma dinâmica social mais equitativa e que respeita a diversidade de ser.

Mariana Oliveira, Analista de Pesquisas


Daniely Votto Gerente de Governança Urbana
Ser mulher é, antes de tudo, saber dar valor à vida. Temos medo da violência todo o tempo. Sofremos violência todo o tempo. Seja verbal, moral, psicológica ou física. Então, a vida de todas e de cada uma de nós é valorizada como uma grande dádiva, pela qual lutamos incansavelmente. Ser mulher é também lutar muito, desde criança, para ser vista como um ser humano igual em direitos e deveres. É muito bom ser mulher. É muito bom ter a capacidade de ver o mundo como mulher. Ver o mundo com todas as suas nuances, cores e sub-cores infinitas e sorrir, entender que não há preto e branco, mas sim uma névoa gris que nos torna a todos mais conscientes da presença do outro ou da outra. Ser mulher é compreender que há muito mais coisas que nos unem do que nos afastam e, por isso, devemos lutar todos os dias, pelos direitos de cada um e cada uma de nós. Ser mulher é viver plenamente, é poder dizer que estamos em 2017 e ainda precisamos avançar muito e comemorar as enormes conquistas que já obtivemos. Ser mulher é, antes de tudo, somente para as fortes!

Daniely Votto, Gerente de Governança Urbana


Paula Tanscheit Analista de Comunicação
Ao andar pelas cidades e usar o transporte coletivo, o que mais vejo são mulheres. Para mim, sempre somos maioria. Deveríamos ter chances muito maiores de contribuirmos para o desenvolvimento das cidades, nossas vozes deveriam ser ouvidas com muito mais frequência. O Dia da Mulher é importante não apenas para homenagear as mulheres, mas também para suscitar ações que evidenciem a nossa força. Para que todos parem para pensar nelas, pensar como elas, tentar ver pelos olhos delas. Também é dia para nós mesmas reconhecermos tudo o que somos. Para que, sem o filtro da rotina ou da correria que nos faz achar tudo “normal”, vejamos quanta coisa realmente precisa mudar para que as mulheres sejam respeitadas de verdade. Muitas práticas na sociedade ainda estão muito erradas, muito abusivas, muito injustificáveis em relação a nós. Essa data tem mesmo de ser celebrada, mas as ações precisam ser replicadas todos os dias do ano, por todos.

Paula Tanscheit, Analista de Comunicação


Aloha Boeck Analista de Mídias Digitais
Às vezes, parece engraçado que ainda tenhamos que discutir essa pauta. Está certo que o processo de evolução é lento, mas estamos em 2017, e em muitos momentos me parece absurdo que eu ainda pense que roupa vou colocar para andar de transporte coletivo a fim de não me incomodar. Chegamos longe, mas o feminismo ainda é desacreditado por tantos. Já ocupamos novos espaços, mas ainda soa como favor. Trabalhamos em equipes com mais mulheres, temos mais lideranças, mas ainda sofremos com esterótipos, com discursos replicados e com esse machismo cultural. É por isso que acredito que, neste dia, o que se espera não é um parabéns. Queremos um ambiente de igualdade, de segurança e no qual ser mulher não nos fragilize. Não parece difícil, mas está claro que ainda temos muito caminho pela frente.

Aloha Boeck, Analista de Mídias Digitais


Nívea Opermann Diretora de Desenvolvimento Urbano
Acredito que todos os dias são nossos, pelo esforço diário, pelos sentimentos que colocamos no que fazemos, pela nossa capacidade de resolver várias coisas ao mesmo tempo, pela mudança de paradigma social e busca de equidade de gênero dos quais somos condutoras.

Nívea Oppermann, Diretora de Desenvolvimento Urbano


Katerina Elias-Trostmann Analista de Pesquisa Vulnerabilidade e Adaptação
Hoje, no Dia Internacional da Mulher, o dia é sobre salários, violências, assédio, política. É menos sobre vítimas de incêndio em fábricas e mais sobre mulheres na rua, o dia a dia de ser mulher. E a igualdade de gênero que, eu acredito, só poderemos alcançar juntos aos homens. Espero que este dia resulte em solidariedade para com e entre as mulheres ao longo de todo o ano. Sem competição entre gêneros e sim mais cooperação.

Katerina Elias-Trostmann, Analista de Pesquisa Vulnerabilidade e Adaptação


Viviane Romeiro Gerente de Clima
Igualdade de gênero; por menos competição e mais cooperação. Porque lugar de mulher é “na horta” e onde mais ela quiser.

Viviane Romeiro, Gerente de Clima


Rachel Biderman Diretora Executiva
Mulheres ainda precisam clamar mais espaço para terem seus direitos reconhecidos. Isso faz parte de nossa evolução enquanto seres humanos. Quando mulheres e homens estiverem caminhando juntos, lado a lado, o mundo estará muito melhor. E vamos sentir o reflexo disso em todo o resto. Certamente haverá mais harmonia.

Rachel Biderman, Diretora-Executiva


Maria de Sousa Auxiliar de Serviços Gerais
Respeito acima de tudo porque hoje não é dia só de flores, chocolates e jantares. Que todos os dias a mulher seja valorizada, essa que está sempre na luta, trabalhando e conquistando o seu espaço. Ser mulher independe de posição social. Nós, mulheres, fazemos a diferença na atitude. A gente gosta de receber carinho, de ser amada e apreciada. Acho que a boa convivência é arma para enfrentar a discriminação e o menosprezo. Todo mundo merece ser valorizado e respeitado. Gostaria de lembrar o Provérbio 31:30 da Bíblia: "Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada."

Maria de Sousa, Auxiliar de Serviços Gerais


Rejane Fernandes Diretora de Relações Estratégicas
Desde que Betty Friedan e suas companheiras levantaram a bandeira do feminismo, na década de 60, muito se avançou. A pílula nos trouxe o controle dos nossos corpos, ter uma profissão é normal, o divórcio não condena ninguém ao ostracismo. Mas as mulheres ainda sofrem violência todos os dias, física e moralmente. Por isso não acho graça das piadas que depreciam a mulher e gostaria que pelo menos os amigos não as repetissem, isso sempre me entristece. Acredito que é do interesse de todos uma sociedade em que todos os gêneros sejam respeitados e tenham direitos iguais.

Rejane Fernandes, Diretora de Relações Estratégicas


Gênero no WRI Brasil

A mulher tem um papel preponderante no combate às mudanças climáticas e na promoção do desenvolvimento sustentável. No campo, ela é agente de conservação do solo e trabalha para a restauração de paisagens e florestas e para melhorar o acesso às fontes de energia renováveis. Na cidade, a mulher atua pela melhoria da sustentabilidade e promove programas de mobilidade urbana, como serviços de compartilhamento de bicicletas e transporte público seguro.

Análises têm revelado a relação entre a promoção da igualdade de gênero e a melhoria dos resultados ambientais. Apesar da fundamental relevância para o futuro do planeta, a perspectiva da mulher ainda é pouco considerada nas tomadas de decisão sobre assuntos ambientais, o que provoca a desmobilização da e a perda de suas contribuições para os objetivos comuns de toda a humanidade.

O WRI Brasil tem trabalhado em ações e projetos que destacam a importância da mulher para a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas e o balanço equitativo para oportunidades de gênero.

Mulheres e a Restauração de Florestas na Amazônia

O projeto “Expandindo Oportunidades de Restauração Florestal e a Gestão das Emissões no Pará” coloca o componente gênero no centro do debate sobre restauração e mudanças climáticas. O projeto, que entra na fase de execução a partir de abril, pretende fortalecer as conexões entre os meios de subsistência para as mulheres e a restauração de paisagens e florestas a partir de abordagens sobre mudanças climáticas e gestão sustentável de paisagens – incluindo também a pecuária de baixo carbono.

Mobilidade Urbana e a Perspectiva das Mulheres em São Paulo

Em dezembro do ano passado, o WRI Brasil promoveu em parceria com outras organizações o evento Mobilidade Urbana e a Perspectiva das Mulheres. O objetivo foi debater a participação da mulher na mobilidade urbana e nas esferas de tomada decisão de São Paulo (SP). A iniciativa busca agora contribuições para a finalização da “Carta-compromisso pela perspectiva de gênero na mobilidade urbana”, que será entregue à Prefeitura e à Câmara de Vereadores da capital paulista. O documento pode ser acessado aqui. Contribuições são bem-vindas até o dia 17 de março.

Diversidade para a Restauração da Mata Atlântica

O WRI Brasil é membro do Conselho de Coordenação do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e atua ativamente no Grupo de Trabalho (GT) sobre Diversidade. Entre os seus objetivos, o GT busca capacitar e integrar mulheres e homens na restauração de paisagens e florestas. Recentemente o grupo celebrou a aprovação de um simpósio sobre restauração e gênero na 7ª Conferência Mundial sobre Restauração Ecológica (SER), evento bianual que deve atrair mais de 1,5 mil participantes de todo o mundo em agosto em Foz do Iguaçu (PR).