Acordo sobre financiamento na COP29 é primeiro passo para um futuro mais seguro e equitativo
Baku, Azerbaijão (13 de novembro de 2024): As negociações da COP29, em Baku, Azerbaijão, encerraram com um acordo sobre a nova meta global de financiamento climático. Ficou estabelecida a meta de alcançar pelo menos US$ 300 bilhões por ano até 2035, sob a responsabilidade dos países desenvolvidos e com os países em desenvolvimento sendo incentivados a contribuir de forma voluntária. A decisão da COP também convoca todos os atores a trabalharem para ampliar o financiamento para pelo menos US$ 1,3 trilhão aos países em desenvolvimento, provenientes de todas as fontes públicas e privadas. As presidências da COP liderarão a “Rota Baku a Belém pelo US$ 1,3 trilhão” para avançar em direção a esse objetivo.
A seguir, o posicionamento de Ani Dasgupta, Presidente e CEO do World Resources Institute:
"Apesar dos grandes desafios, os negociadores em Baku conseguiram um acordo que, pelo menos, triplica o fluxo de financiamento climático para os países em desenvolvimento. A meta de US$ 300 bilhões não é suficiente, mas é um importante ponto de partida para um futuro mais seguro e equitativo. O acordo reconhece que é crucial que os países vulneráveis tenham melhor acesso a financiamento e não sejam sobrecarregados com dívidas insustentáveis. Também abre a porta para que um grupo mais amplo de países contribua.
"Os países mais pobres e vulneráveis têm razão em se decepcionar com o fato dos países mais ricos não terem colocado mais dinheiro na mesa neste momento em que a vida de bilhões de pessoas está em risco. De acordo com economistas, US$ 300 bilhões até 2035 não alcançam a escala necessária para que os países em desenvolvimento adotem uma economia de baixo carbono e protejam seus cidadãos de secas, inundações e incêndios florestais cada vez mais frequentes.
"Esse acordo é um primeiro passo. Agora, começa a corrida para aumentar significativamente o financiamento climático a partir de várias fontes públicas e privadas, mobilizando todo o sistema financeiro para apoiar a transição dos países em desenvolvimento. O próximo ano oferece inúmeras oportunidades para elevar o nível do financiamento climático, seja através dos bancos de desenvolvimento, do setor privado, dos recursos das grandes economias ou outras fontes, inclusive taxas internacionais. Precisamos aproveitar todas as opções disponíveis.
"Alguns temiam que os resultados das eleições nos Estados Unidos prejudicassem os avanços na COP29. Em vez disso, os países se uniram para chegar a um acordo. Eles entendem que as negociações climáticas da ONU são a única plataforma onde cada país, grande ou pequeno, tem voz sobre o maior desafio de nosso tempo. Esta é uma luta global e geracional — nenhum país ou eleição isolada vai mudar seu curso.
"Embora a decisão da COP29 sobre cortes de emissões tenha apenas reafirmado compromissos anteriores, foi encorajador ver vários países que são grandes emissores prometendo que suas novas metas vão colocá-los em trajetórias suficientes para alcançar emissões líquidas zero. Para impulsionar ações concretas, é fundamental que os novos compromissos nacionais sejam respaldados por políticas públicas fortes e incorporem metas específicas por setor, incluindo a rápida transição para longe do uso e produção de combustíveis fósseis.
"Começa agora um duro trabalho para ampliar todas as fontes de financiamento e entregar os US$ 1,3 trilhão necessário para os países em desenvolvimento até 2035, por meio recém criada Rota Baku a Belém. Maior confiança de que os investimentos estão chegando desbloqueará compromissos climáticos nacionais mais ambiciosos. Isso, por sua vez, envia um sinal claro aos investidores para apoiar as ações robustas que precisamos."