Pouco antes do aniversário de cinco anos do Acordo do Clima de Paris, os compromissos nacionais sobre o clima estão sendo apresentados por chefes de estado e governos em todo o mundo, incluindo o Brasil, que acaba de anunciar a atualização de sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).

A NDC atualizada do Brasil inclui a meta de reduzir as emissões em 43% até 2030 em relação aos níveis de 2005, a mesma que havia sido incluída como meta indicativa na NDC de 2015. O compromisso climático nacional também anuncia um objetivo indicativo de atingir a neutralidade climática até 2060.

A seguir, o posicionamento de Carolina Genin, diretora de Clima do WRI Brasil:

“Diante da aceleração da crise climática, é muito preocupante que a meta de redução de emissões para 2030 anunciada pelo governo brasileiro não seja mais ambiciosa do que a apresentada há cinco anos. Como o sexto maior emissor global de gases de efeito estufa (GEE), o Brasil deve adotar medidas mais ousadas junto às outras nações para enfrentar esse desafio global. Para atingir as metas do Acordo de Paris, todos os países precisam fortalecer significativamente suas metas para 2030 – incluindo o Brasil.

“O novo plano climático do Brasil também inclui um objetivo indicativo de atingir a neutralidade climática até 2060, mas sugere que o aumento desses esforços de longo prazo dependeria de transferências financeiras de países desenvolvidos e que o Brasil requer US$ 10 bilhões por ano para realizar esforços de descarbonização – começando em 2021. Por ser um país em desenvolvimento, o financiamento internacional certamente será necessário para dar escala à ação climática no Brasil, mas primeiro precisamos de um plano robusto sobre como vamos investir esses recursos e nos responsabilizar por resultados que sejam mensuráveis. Uma meta climática pouco ambiciosa é exatamente o oposto do que é necessário.

“Ao longo da próxima década, o Brasil pode fazer sua economia crescer mais rapidamente com uma recuperação verde do que se seguir no caminho de desenvolvimento atual. Estudo publicado pelo WRI Brasil e pela New Climate Economy mostra que, ao adotar um modelo de crescimento econômico mais sustentável, o país pode gerar R$ 2,8 trilhões adicionais ao PIB até 2030 e 2 milhões de empregos a mais em relação ao chamado business as usual. Os principais setores econômicos do Brasil, como agricultura, infraestrutura e indústria, podem ser mais produtivos e competitivos globalmente se o país fizer a transição para uma economia mais eficiente, resiliente, justa e sustentável.

“Investindo em uma economia de baixo carbono, o Brasil tem a oportunidade histórica de aumentar sua capacidade de gerar empregos, aumentar a produtividade e melhorar a saúde pública. Ao não elevar o nível de ambição da sua meta de redução de emissões, o governo deixa passar uma grande chance para o Brasil iniciar a retomada após o colapso econômico provocado pela Covid-19.”