A Rede FISC promoveu o seu segundo encontro de 2022 no dia 23 de novembro, em Brasília (DF). Na reunião, a primeira presencial desde 2019, os membros debateram os desdobramentos da 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27) sobre o financiamento climático para as cidades, traduzidos ao contexto brasileiro. 

A atividade tem como objetivo manter as discussões da Rede FISC alinhadas ao debate global e impulsionar a cocriação, entre os membros, de soluções para destravar o financiamento climático e canalizar recursos para as cidades brasileiras. 

Temas prioritários para cidades

O encontro reuniu 23 representantes de 15 instituições financeiras internacionais, nacionais e regionais, governos estaduais e associações e agências de cooperação. Membros que estiveram presentes na COP27 compartilharam sua visão do que foi debatido sobre financiamento climático para cidades. 

Priscila Negreiros, gerente do Cities Climate Finance Leadership Alliance (CCFLA) no Climate Policy Initiative (CPI), destacou que esta foi a primeira COP a incluir uma reunião ministerial na área de cidades. “Vários ministérios que trabalham cidades vieram discutir a questão das cidades e como trazer o tema de cidades mais forte para o debate [climático]", contou. O espaço dedicado às questões urbanas nas negociações oficiais ainda é pequeno, mas alguns dos principais debates da COP27 impactam as cidades. É o caso das negociações acerca da meta não atingida de movimentar 100 bilhões de dólares por ano para ações climáticas em países em desenvolvimento, das discussões sobre dobrar os investimentos para adaptação e da criação do fundo de perdas e danos.

Bruna Araújo, gerente de Sustentabilidade e Economia na Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), falou sobre os caminhos para destravar o financiamento de projetos sustentáveis que a ABDE foi convidada a abordar na COP27, como o blended finance, mecanismos para destravar financiamento com o setor privado e instrumentos mitigadores de risco. 

Em apresentação sobre mensagens-chave da COP27 para o financiamento urbano climático, a equipe da Rede FISC também levantou a importância dos debates sobre a falta de bancabilidade de projetos de infraestrutura urbana sustentável, a criação de métricas, estatísticas e dados para esses projetos e sobre os desafios e incertezas enfrentados pelas cidades para acessar os recursos disponíveis. 

Impactos da COP27 nas instituições financeiras

Para as instituições presentes, os desdobramentos da COP27 sinalizam claramente a necessidade de desburocratizar a concessão de crédito para os municípios, mas também de conscientizá-los sobre a importância da temática climática, especialmente sobre adaptação, nas cidades. Destravar o acesso ao financiamento climático nos municípios também passa, segundo os membros da FISC, por capacitação interna das instituições financeiras, para melhorar a operacionalização do crédito com os governos locais, e do corpo técnico dos municípios, para que desenvolvam projetos “bancáveis”. 

Ressaltou-se ainda a importância do debate levantado na COP27 acerca da criação de instrumentos de financiamento inovadores. Em especial para os representantes das instituições financeiras (IFs), este é o momento de debater garantias para esses financiamentos, a questão cambial dos empréstimos e como desenvolver mecanismos que incentivem a canalização dos recursos para ações climáticas. 

Ao fim da reunião, os membros também tiveram um momento de troca e feedback acerca das atividades previstas no planejamento da Rede. Em 2023, serão realizados três encontros, sendo um online, em março, e dois presenciais, em maio e novembro.