A Rede para Financiamento de Infraestrutura Sustentável em Cidades (Rede FISC) realizou em maio, em Brasília, o segundo encontro de 2023. A partir de um debate dos mitos e verdades sobre financiamento climático em cidades, membros da rede compartilharam perspectivas e iniciaram um mapeamento de caminhos para ampliar a cooperação entre as instituições para o avanço da pauta. 

Realizado na sede da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o encontro reuniu 31 representantes de 17 instituições financeiras internacionais, nacionais e regionais, agências de cooperação, associações e governos.

Mitos e verdades sobre financiamento climático

As discussões tiveram como ponto de partida o estudo “Desmistificando o Financiamento Climático para Municípios”, lançado em 2023 pelo CDP Latin America em parceria com o WRI Brasil e colaboração técnica de membros da Rede FISC. A publicação esclarece 13 afirmações recorrentes sobre o financiamento climático – entre verdades, mitos e pontos discutíveis.

Mesmo afirmações tidas como verdades no estudo puderam ser rediscutidas. Por exemplo, a de que o financiamento climático é mais atrativo do que instrumentos convencionais. Apesar de as condições favoráveis tornarem o financiamento climático quase sempre a melhor opção para projetos urbanos de baixo carbono, André Jacobsen, executivo principal da direção de Habitat e Mobilidade Urbana Sustentável do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), pontuou que há exceções. “Por exemplo, quando o processo de estruturação do projeto for complexo e houver muita pressa para implementar, ou quando os requisitos de relatórios e monitoramento de indicadores não compensem o benefício financeiro.”

Concluiu-se que, para que o financiamento climático ocorra de maneira eficiente e integrada, as cidades precisam avaliar, caso a caso, as alternativas disponíveis. Políticas públicas sustentáveis e planos de ação local facilitam o acesso a esse tipo de financiamento, por estabelecerem estratégias para enfrentar a mudança climática no curto, médio e longo prazos.

Cristiane Viturino, secretária executiva e gerente de Relações Institucionais e Governamentais da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), destacou a importância do compartilhamento de informações entre as instituições membro da rede e de parcerias para alavancar o financiamento climático em cidades. “Precisamos de parcerias tanto entre instituições, quanto entre instituições e cidades, pois [as cidades] precisam de apoio na estruturação de seus projetos, e nós podemos apoiar”, comentou.

Governança da rede e evento de matchmaking

Mais do que produzir consensos, a discussão evidenciou a importância do diálogo contínuo e do esclarecimento sobre o tema por todos os envolvidos com projetos de infraestrutura de baixo carbono – papel que a Rede FISC se propõe a desempenhar. 

Para este ano, estão previstos mais dois encontros da Rede FISC, um presencial e um virtual. O WRI Brasil também prevê, para o dia 10 de agosto, a realização de um evento de matchmaking com a Rede FISC em Brasília, entre projetos urbanos sustentáveis e instituições financeiras. O objetivo será aumentar a probabilidade de financiamento, e consequentemente, a implementação de projetos de infraestrutura sustentável em cidades.