Realizando Grandes Ideias

 

O que é a Nova Economia da Amazônia?

A Nova Economia da Amazônia é um estudo desenvolvido pelo WRI Brasil em parceria com 76 especialistas de instituições científicas de diversas regiões do país. O trabalho mostra que manter a floresta de pé não é uma ameaça para o desenvolvimento, muito pelo contrário, é uma oportunidade de crescimento qualificado e inclusivo para a região.

Ao reconhecer a urgência social, ambiental e climática de desenvolver a Amazônia Legal de forma sustentável e inovadora, o projeto apresenta caminhos para estruturar uma economia moderna e livre de desmatamento, impulsionando a descarbonização de toda a economia brasileira.

Assista ao vídeo de apresentação do projeto:

 

 

 

O impacto que a NEA pode proporcionar em 2050 comparado à economia atual

 

Para as pessoas

Saldo de 312 mil empregos a mais em 2050

833 mil novos empregos no setor de bioeconomia, que restaura a floresta, em vez de desmatar

Geração de renda e distribuição mais justa de benefícios

 

Para a economia

Injeção anual de pelo menos R$ 40 bilhões no PIB da Amazônia Legal, a partir de 2050

Crescimento de todos os setores, incluindo agropecuária e mineração

PIB da bioeconomia 67% maior, alcançando R$ 38,5 bilhões por ano

 

Para o meio ambiente

Desmatamento zero e restauração de 24 milhões de hectares de florestas

94% menos emissões líquidas e estoque de carbono 19% maior

Maior produtividade da terra, menor suscetibilidade à estresse hídrico e menor perda de fertilidade do solo

Todos os dados são valores adicionais do cenário Nova Economia da Amazônia (NEA) em relação ao cenário Referencial (REF). O cenário NEA inclui desmatamento zero e investimentos em agricultura, energia e mineração de baixo carbono, enquanto o REF não adota restrições, seguindo a tendência dos últimos 10 anos.

 

Metodologia

 

76 especialistas

A Nova Economia da Amazônia reuniu instituições científicas e pesquisadores autônomos de diferentes escolas do pensamento econômico, cientistas sociais e da natureza, da engenharia e energia, ciências da informação e antropólogos indígenas.

Conexão inédita de métodos

O trabalho promoveu, de forma inédita, a compatibilização e interação de modelos econômicos desenvolvidos por grupos de pesquisa de diferentes partes do país para compor uma análise compreensiva sobre a economia atual da Amazônia Legal e traçar diferentes cenários para 2050. A Nova Economia da Amazônia é um futuro possível e comprovado por uma análise científica sólida e inovadora.

Quem somos

A Nova Economia da Amazônia é uma iniciativa desenvolvida por WRI Brasil, The New Climate Economy e diversos outros pesquisadores brasileiros de universidades e organizações de norte ao sul do país, como UFPA, USP, UFRJ, UFMG, Ipam, Idesam, Associação Contas Abertas, Center for Climate Crime Analysis (CCCA) e Uma Concertação pela Amazônia.

 

 

A Amazônia Legal

O Bioma Amazônico ocupa uma área de aproximadamente 6 milhões de km², distribuídos em 9 países da América do Sul, sendo que 60% de seu território pertence ao Brasil. A região detém a mais extensa e biodiversa floresta e o maior reservatório de água doce do mundo, representando o mais importante bloco florestal de regulação climática do planeta. Na Amazônia Legal, residem 28 milhões de pessoas. Seu território abrange integralmente os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão.

 

 

 

 

O cenário atual da Amazônia Legal

O modelo de desenvolvimento atual da Amazônia Legal é insustentável. A atual lógica econômica se caracteriza pela venda de commodities agrícolas e minerais que geram desmatamento e emissões, e pelo consumo de bens e serviços qualificados e de maior valor agregado do restante do país. Além disso, a já pujante economia local de produtos da biodiversidade tem sua relevância ofuscada pelos setores convencionais, e fica escondida na informalidade.

Além de causar alto impacto sobre o bioma, essas atividades não geram crescimento econômico significativo e acentuam a desigualdade social existente. A informalidade do trabalho é alta, a qualificação profissional baixa e os salários aquém das médias nacionais.

Ou seja, explora-se muito e ganha-se pouco.

A Amazônia Legal importa mais do que exporta, o que gera um déficit comercial de R$ 114 bilhões com o restante do Brasil e o exterior.


Mas as exportações da região têm muito mais desmatamento incorporado. Mais de 83% da demanda por esses produtos vem do restante do Brasil e do exterior.


 

 

 

 

De acordo com o estudo, se o modelo atual de desenvolvimento for mantido, em 2050 a emissão de carbono será cinco vezes maior do que as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris e 57 milhões de hectares de floresta seriam destruídos, área equivalente ao território da França.

Neste cenário, além de praticamente inviabilizar o controle do aquecimento global, a Amazônia se aproximaria do seu ponto de não retorno, o que significa o colapso do ecossistema. Mas ainda dá tempo de evitar o pior.

 

 

 

 

Nova Economia da Amazônia: a solução para um velho problema

O estudo Nova Economia da Amazônia mostra que manter a floresta em pé e reduzir as emissões é uma oportunidade para fortalecer a economia da região, com atividades econômicas competitivas e inclusivas.

 

 

 

 

As mudanças propostas em diferentes setores

Bioeconomia

A bioeconomia proposta se desenvolve com a floresta em pé e os rios fluindo, respeitando a capacidade do bioma. Hoje, essa atividade já é robusta e estimula a inovação a partir de produtos da biodiversidade e a restauração da floresta. O estudo revela que a bioeconomia já gera um PIB de R$ 12 bilhões, muito maior do que mostram os indicadores atuais. Com investimentos adicionais, o PIB seria de pelo menos R$ 38,6 bilhões em 2050, gerando 833 mil novos empregos, que substituiriam ocupações hoje ligadas à destruição da floresta.

Restaurar áreas degradadas e fomentar inovações em produtos da floresta em pé será fundamental para a transição e para fornecer serviços ecossistêmicos para os quais não há substitutos economicamente viáveis ​​ou disponíveis em escala para atender às demandas produtivas, principalmente da agricultura e da pecuária.

Agropecuária

A agropecuária deve ser livre de desmatamento e degradação florestal para garantir sua relevância até 2050. Essa transição demanda investimentos adicionais de R$ 442 bilhões, focados em massificação das práticas de baixa emissão de carbono e intensificação produtiva exclusivamente em áreas já degradadas, com combate à desigualdade rural.

Os serviços ambientais da floresta saudável gerariam maior produtividade da terra, menor suscetibilidade à estresse hídrico, e menor perda de fertilidade do solo, que impulsionariam o setor, permitindo crescimento através de capital e trabalho e não de novas terras. A agropecuária na Amazônia Legal seguirá contribuindo fortemente para o crescimento do PIB, mas precisa reduzir o impacto ambiental.

Mineração

Os bens minerais são indispensáveis na transição energética global e na construção da infraestrutura para uma economia de baixo carbono. Entretanto, custos e benefícios da mineração devem ser internalizados e mais bem distribuídos.  A transição no setor precisa ir além das práticas de governança ambiental, social e corporativa (ESG) e ter como prioridade o bem-estar e a segurança das populações e dos recursos naturais essenciais para seus modos de vida. Isso se traduz em investimentos diretos para promoção de qualidade ambiental, bioeconomia e sistemas produtivos regenerativos compatíveis com os anseios locais.

Infraestrutura

Com a transição, a demanda energética da região será menor, e a matriz energética passará por mudanças significativas a partir de fontes limpas. As principais soluções seriam a implementação de sistemas fotovoltaicos flutuantes sobre represas hidrelétricas já existentes e também sobre pastagens degradadas. Tais iniciativas serão capazes de gerar 55% da energia demandada pela região em 2050. Além disso, a queima de resíduos agrícolas, urbanos e da bioeconomia, como coquilhos de açaí, seria capaz de gerar energia suficiente para substituir o equivalente a 359 milhões de litros de diesel, o que diminuiria as emissões de CO2 em cerca de 1,5 milhão de toneladas. O transporte hidroviário com motores híbridos (elétrico + combustão), favorecido pela extensa rede fluvial, absorveria 20% do atual transporte rodoviário de cargas.

 

 

Como fazer a transição?

 

O custo de transição para implementar a Nova Economia da Amazônia seria de R$ 2,56 trilhões até 2050 ou 1,8% do PIB do país ao ano, apenas 0,8% a mais do que o nível de investimento atual. Esse montante seria investido da seguinte maneira: R$ 659 bilhões no uso estratégico do solo, R$ 410 bilhões na mudança na matriz energética e R$ 1,49 trilhões na infraestrutura. Esses investimentos não seriam aplicados somente na Amazônia Legal, visto os intricados fluxos financeiros, informacionais e físicos entre a região e o restante do Brasil. A Amazônia seria a grande catalisadora da descarbonização da economia brasileira.

Para o setor público, a principal tarefa será desonerar as atividades de baixa emissão, além de criar um arcabouço e de taxonomias que orientem o mercado financeiro para estimular os investimentos verdes. Para isso, é necessário um marco legal do mercado de carbono no Brasil e um debate sobre redirecionamento de subsídios que, progressivamente, migrariam das atividades intensivas em carbono para as sustentáveis. Ao setor privado, caberia aumentar sua capacidade de inovar e exercer seu papel de propulsor da economia.

Com a Nova Economia da Amazônia, o PIB da região em 2050 seria R$ 40 bilhões superior à trajetória atual. A análise, no entanto, não leva em consideração os custos de não fazer nada e enfrentar os impactos climáticos mais intensos causados pelo desmatamento, que em uma estimativa muito conservadora seriam o dobro do investimento necessário para a NEA. Os modelos do estudo também não captam todo o potencial da bioeconomia, que deverá ser muito maior nas próximas décadas.

Baseado no relatório Nova Economia da Amazônia. Acesse para ver a lista completa de autores.

Supervisão: Bruno Felin e Joana Oliveira
Conceito web e vídeo: Campo
Identidade visual do projeto: Nektar Design
Desenvolvimento web: Wil Thomas
Fotos: Idesam, Bruno Kelly/WRI Brasil, Ricardo Oliveira, Paralaxis/Shutterstock, Valdemir Cunha/Greenpeace, Diego Bravelli/Greenpeace, Rodrigo Duarte/Idesam, Lunae Parracho/Greenpeace.