Calor e Saúde em Cidades Brasileiras
Uma colaboração multissetorial de pesquisa e engajamento comunitário em Belo Horizonte e Campinas sobre os impactos do calor extremo na saúde
As cidades brasileiras enfrentam desafios complexos para reduzir o risco do calor extremo à saúde dos residentes enquanto também combatem a desigualdade socioeconômica. De acordo com um estudo, ondas de calor contribuíram para até 55.000 mortes em excesso nas cidades brasileiras entre 2000 e 2018. Os riscos de calor continuarão a aumentar nas cidades à medida que as mudanças climáticas se intensificam, e podem variar amplamente entre bairros e indivíduos. Porém muitas cidades não têm acesso a dados sobre os riscos do calor extremo e a informações sobre como usar esses dados para mitigar os riscos para os residentes.
São necessárias pesquisas e engajamento comunitário que documentem as diferenças nos impactos na saúde causados pelo calor extremo nas cidades brasileiras, para identificar o papel dos fatores em níveis individual e de bairro e para subsidiar ações urgentes como a adaptação climática.
O WRI e parceiros buscam entender as conexões entre calor extremo, saúde e as características sociais e do ambiente construído para enfrentar os impactos do calor na saúde, especialmente para os moradores urbanos mais vulneráveis.
O WRI e o projeto de Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (Salurbal) da Drexel University, estão conduzindo pesquisas para explorar o papel dos fatores sociais e de múltiplos aspectos do ambiente construído na determinação dos impactos relacionados à saúde em diferentes bairros de Belo Horizonte e Campinas. Também engajamos com membros da comunidade e formuladores de políticas nas duas cidades para orientar nossos esforços de pesquisa e apoiar o desenho e a implementação de respostas de adaptação que protejam a saúde e promovam a equidade. Como duas das maiores áreas metropolitanas do Brasil, Belo Horizonte e Campinas contam com dados de qualidade e trajetórias de compromisso com a agenda ambiental e climática que favorecem a implementação dessa metodologia. O projeto visa uma mudança de alto impacto, criando uma metodologia replicável e escalável para outras cidades.
Nossa abordagem aproveita os esforços anteriores do WRI e do Salurbal e o extenso trabalho do WRI Brasil com engajamento de cidades e atores locais, tanto em pesquisa quanto em políticas para enfrentar o calor urbano.
O Brasil tem a maior população urbana da América Latina, e as cidades brasileiras enfrentam a maior mortalidade relacionada ao calor entre as cidades da região. O governo federal e alguns municípios identificaram esses eventos extremos exacerbados pela mudança do clima como grandes riscos para as pessoas e as cidades, e estão explorando estratégias de adaptação. Dados robustos de saúde pública são críticos para informar a definição e implementação de ações para reduzir a morbidade e mortalidade relacionadas ao calor e priorizar as populações vulneráveis.
Nossa equipe de projeto – composta por WRI Brasil, WRI México, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade de São Paulo, Fundação Oswaldo Cruz e Universidade da Califórnia, Berkeley – coletará e harmonizará dados sobre a exposição ao calor extremo em nível de bairro, hospitalizações e mortalidade em Belo Horizonte e Campinas. Também conduzirá pesquisas sobre características sociais, ambientais construídas e naturais em nível de bairro, como inclusão social, assentamentos informais, cobertura arbórea e albedo de superfície nessas cidades. A análise explorará como esses fatores físicos e sociais podem aumentar ou diminuir a vulnerabilidade à temperatura extrema na escala do bairro.
Ao longo do desenho e da implementação do estudo, a equipe vai colaborar com atores comunitários e com o poder público municipal e federal e usará os resultados da pesquisa para impulsionar intervenções que visem os bairros e comunidades mais vulneráveis em cada cidade e apoiem mudanças em direção a cidades mais frescas e saudáveis. Os resultados da pesquisa também fornecerão insights para outras cidades da região e do mundo, e as lições aprendidas sobre o desenho e a abordagem da pesquisa informarão futuros esforços para documentar as conexões entre temperaturas extremas e saúde pública.