O rápido crescimento da população, a urbanização e enormes impactos e restrições ao uso dos recursos naturais representam fatores de pressão e ao mesmo tempo geram oportunidades para o setor agropecuário e florestal. As emissões de gases provenientes da alteração de uso do solo e agricultura representam 24% das emissões de gases de efeito estufa. A combinação desses fatores impõe um novo pensar e agir na agricultura e silvicultura contemporâneas.

A boa gestão dos recursos naturais para assegurar a produção de alimentos e a provisão de serviços ambientais, como água, solos produtivos, biodiversidade, sequestro de carbono, dentre outros, tornou-se fator determinante da existência de qualquer economia que pretenda ter algum futuro. O Brasil, com sua vasta riqueza de recursos naturais e vocação de produtor agropecuário e de produtos florestais, pode se tornar líder nesse novo ambiente, transformando-se em uma economia mais sustentável, gerando mais empregos no campo e, ao mesmo tempo, permitindo geração de riquezas condizentes com a proteção dos bens dos quais nossa economia depende, como solo e água.

O atual quadro não é promissor. É preciso atentar para os riscos da continuidade da economia nos moldes como se desenhou até agora: exploratória, não regenerativa, altamente dependente do uso de contaminantes e abusivo dos recursos naturais, sem respeito aos limites que a natureza claramente tem para prover os bens de que necessitamos.

No final de 2015, firmou-se em Paris um acordo internacional histórico, focado na solução do desafio climático planetário, no âmbito da Convenção das Mudanças Climáticas. Eis que se apresentou uma nova chance – talvez a última – para a humanidade requalificar sua presença no planeta. É fundamental garantirmos a redução drástica das emissões de gases de efeito estufa devidas ao desmatamento, práticas agrícolas e de pecuária insustentáveis se quisermos garantir futuro para nossos descendentes.

Entretanto, não podemos esperar que a solução virá apenas do acordo internacional. A convenção é um acelerador, mas não é suficiente. Agir em complemento ao sistema internacional é fundamental. O Brasil tem grande papel a exercer como país ´celeiro´ de alimentos e de produtos de origem florestal. A forma como passarmos a promover nossa economia agrícola e florestal ditará nossas chances de contribuir para o equilíbrio global e sermos competitivos numa economia que demanda responsabilidade dos atores para com o desafio climático.

As bases para essa nova economia estão sendo criadas por lideranças que integram a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, criada no final de 2014. Essa aliança reúne instituições e lideranças sensibilizadas com a gravidade do problema, mas também convencidas de que é possível ter crescimento econômico e ao mesmo tempo gerar soluções sustentáveis. Desde dezembro de 2014, mais de 100 instituições e lideranças têm se reunido sob essa aliança, em um processo sistemático de mapear problemas e propor soluções.

A coalizão defende “o estímulo à agricultura, pecuária e economia de base florestal competitivas, pujantes e sustentáveis que, simultaneamente, garantam proteção, manejo, restauração e plantio de florestas, assegurem a disponibilidade de água, a conservação de ecossistemas e os serviços ambientais”. Para esse grupo de líderes brasileiros, não há mais tempo a perder. A mudança do clima acontece agora e a atual geração tem a chave da mudança para uma nova sustentável e de baixa ou nula emissão de carbono.

A coalizão é uma iniciativa inédita. Representa uma tomada de consciência do setor produtivo e da sociedade civil organizada, que, juntos, assumem o desafio de promover a adoção de políticas públicas, ações e mecanismos financeiros/econômicos para o estímulo a agricultura, pecuária e economia florestal, para impulsionar o Brasil a se tornar liderança global da economia sustentável. A premissa básica para a coalizão é o cumprimento da legislação relativa a mudanças climáticas e uso do solo para transformar os desafios em oportunidades.

É importante que a visão e proposta da coalizão sejam debatidas e aprimoradas pelo conjunto dos atores econômicos responsáveis pelos setores afins. Essa agenda econômica é urgente e poderá impulsionar o Brasil para o lugar de sua vocação e garantir o futuro sustentável de nossa economia e de nossos cidadãos.

Conheça o site da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.