Em setembro de 2014, líderes de países, governadores de estados, CEOs de empresas e representantes da sociedade civil se reuniram em Nova York, nos Estados Unidos, e concordaram com uma resolução que incentivava a redução do desmatamento das florestas tropicais e o investimento em restauração florestal. Eles se comprometeram com um acordo voluntário que ficou conhecido como a Declaração de Nova York sobre Florestas.

Cinco anos depois, o tema das florestas voltou ao centro das discussões em Nova York. O assunto esteve presente nos debates durante a Assembleia Geral da ONU, principalmente por conta dos incêndios florestais que avançaram na Amazônia em agosto.

Como o mundo lidou com as florestas nos cinco anos após a Declaração? Uma análise mostra que houve avanços, mas ainda há muito o que fazer: é preciso acelerar uma das principais metas da declaração, a de restaurar florestas no mundo todo. Abaixo, entenda o que é a declaração e suas metas.

O que é a Declaração de Florestas de Nova York

A Declaração de Nova York sobre Florestas é um documento de compromissos e intenções voluntário no qual países, estados, organizações e empresas se comprometem a colocar esforços para acabar com o desmatamento e restaurar florestas.

Ele foi endossado por mais de 200 organizações, estados, países e empresas. No Brasil, a declaração foi assinada por três estados amazônicos: Acre, Amapá e Amazonas. Entre as organizações da sociedade civil, o World Resources Institute (WRI) é um dos signatários.

Ele é resultado de um importante processo internacional e, junto com iniciativas como o Desafio de Bonn e a Iniciativa 20x20, sugere importantes metas para que as florestas possam ser parte da solução ao desafio de limitar o aquecimento global a menos de 2°C, entre elas:

  • Reduzir pela metade a taxa de desmatamento até 2020 e fazer esforços para acabar com o desmatamento de florestas naturais até 2030;
  • Apoiar o setor privado a reduzir desmatamento em suas cadeias de produção;
  • Restaurar 350 milhões de hectares de florestas até 2030.

Hora de acelerar a restauração

Nestes cinco anos, os avanços no cumprimento das metas da Declaração de Nova York foram tímidos. Segundo o New York Declaration on Forests Progress Assessment, o desmatamento continuou em taxas insustentáveis no mundo todo, por exemplo.

A boa notícia é que o estudo mostra que há no mundo vontade política para fazer a restauração. O levantamento identificou que já foram feitos comprometimentos para restaurar mais de 170 milhões de hectares de florestas. Porém, apenas 18% desse total já está em fase de implementação.

O próximo passo é aumentar os comprometimentos, convencendo países, estados e produtores rurais a fazer parte do movimento pela restauração, e acelerar a implementação dos projetos.

Um caminho para produzir sem destruir

Além das importantes metas de restauração, a Declaração de Nova York também pede que seus signatários criem alternativas de produção de alimentos que não provoquem desmatamento ou queimadas.

Essa meta está alinhada com o trabalho que o WRI Brasil desenvolve para estimular e dar escala a uma nova economia florestal: uma economia com base na biodiversidade e nas espécies nativas brasileiras. Modelos econômicos mostram que a restauração florestal para fins econômicos, ou o consórcio entre florestas e agricultura, são grandes ferramentas para proteger as florestas, atender mercados de produtos madeireiros e não-madeireiros e gerar emprego e renda no meio rural. Em outras palavras, essas experiências mostram que não é preciso desmatar para girar a economia em biomas florestais como Amazônia e Mata Atlântica.

O Brasil tem uma grande oportunidade de restaurar florestas e proteger seus ambientes naturais. Investindo em uma nova economia florestal, o Brasil pode mostrar para o mundo que há formas de ter lucro sem destruir a floresta.