WASHINGTON (29 de março de 2017) — O presidente americano Donald Trump assinou decreto nesta terça-feira (28) anulando boa parte dos elementos-chave da estratégia climática dos Estados Unidos. O decreto prevê a revisão do Plano de Energia Limpa e elimina a proibição de concessão de terras públicas federais para a construção de novas usinas a carvão, a regulamentação sobre o gás metano, os requisitos para incluir as mudanças no clima nas avaliações ambientais e o reexame do custo social do carbono.

Leia o posicionamento do presidente e CEO do World Resources Institute (WRI), Andrew Steer:

“O governo Trump falha na proteção da saúde dos cidadãos americanos, do meio ambiente e da economia. Já foi demonstrado repetidamente que o crescimento econômico sustentável e a segurança nacional estão entrelaçados com uma boa administração ambiental.

Ao desferir seu ataque contra a ação climática dos Estados Unidos, o governo Trump faz o país retroceder, tornando mais difícil e mais caro reduzir as emissões de gases do efeito estufa. A ciência do clima é clara e inabalável: emissões crescentes aquecem nosso planeta, colocando em perigo pessoas e empresas.

O Plano de Energia Limpa é uma abordagem flexível e de senso comum para reduzir as emissões provenientes do setor de energia. Ele já vinha ajudando diferentes mercados a optar pela energia limpa, o que favorece a economia e a competitividade americana. O governo Trump não deveria reverter as salvaguardas que protegem nosso ar das emissões de metano e eliminar a proibição de concessão de terras públicas federais para a construção de novas usinas a carvão. O governo também se equivoca ao deixar de apoiar as comunidades locais que precisam estar preparadas e seguras diante do aumento do nível dos oceanos, dos eventos climáticos extremos e dos outros impactos climáticos.

O governo Trump age em desacordo com empresas, investidores e consumidores americanos, que querem a energia limpa que está criando empregos e revitalizando comunidades. Muitos governadores e prefeitos nos Estados Unidos vão seguir adotando soluções de baixo carbono porque isso é bom para gerar empregos, para as pessoas e para o planeta. Além disso, republicanos e democratas estão comprometidos a aproveitar a energia do vento e do sol porque é bom para os seus eleitores. Centenas de empresas líderes em suas áreas estão empenhadas em reduzir as emissões e apoiar a ação climática porque é de seu interesse econômico fazê-lo.

Em todo o mundo, países se comprometeram a caminhar na direção de uma economia de baixo carbono, que tornará o mundo mais seguro e próspero.

Não se engane: o decreto vai prejudicar a saúde das pessoas e a economia dos Estados Unidos. Com ele, Trump entrega autoridade moral e liderança global para outros países, deixando os Estados Unidos para trás.”

***

Leia também o posicionamento do então presidente do Conselho Diretor do WRI Brasil, Franklin Feder:

"O WRI Brasil recebe com enorme pesar o anúncio do governo Trump da revogação do Plano de Energia Limpa proposto pelo ex-presidente Barack Obama, que, além de representar um importante avanço na mitigação do aquecimento global, também atendia a compromissos dos Estados Unidos na Convenção do Clima.

O retrocesso é significativo, além de enfraquecer a liderança americana na ordem mundial em um momento em que o planeta exige e clama por lideranças comprometidas com uma economia de baixo carbono.

As medidas de Trump certamente impactarão negativamente a economia americana, bem como a própria saúde dos cidadãos daquele país, pois voltam a abraçar um combustível do passado, com todas as consequências já demonstradas pela ciência.

O Brasil deve aproveitar esse momento de retrocesso mundial na dimensão climática para ocupar, dentro do seu potencial, o espaço deixado pelos Estados Unidos. Uma economia de baixo carbono representa uma imensa oportunidade de desenvolvimento sustentável e de geração de empregos.

O Brasil, portanto, deve demonstrar o quanto pode ser um país 'carbono negativo', capaz de atingir e ir além das suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa prometidas no Acordo de Paris. O potencial da nossa economia florestal e agrícola de baixo carbono é enorme. Pode ser impulsionado pela mudança de algumas políticas públicas e parâmetros de investimento e práticas no campo. Não é preciso muito para que nosso país assuma esse espaço de liderança, junto com outras nações visionárias.

Não podemos perder esta oportunidade única."

***

Na foto: Presidente Donald Trump é cercado por empresários e políticos enquanto assina o decreto (Crédito: Casa Branca)