O papel das tecnologias de CDR nas metas de mitigação nacionais
São Paulo, Brasil (26 de março de 2025): Há crescente interesse, tanto público quanto privado, nas tecnologias de remoção de carbono (CDR). Em âmbito nacional, para compreender as particularidades e viabilidades junto a diferentes setores da economia, assim como suas reais contribuições para a redução do acúmulo histórico de CO₂ na atmosfera, é fundamental estabelecer um diálogo intersetorial robusto. Esse diálogo deve ser sustentado por informações confiáveis e embasadas em evidências científicas, permitindo assim o progresso na adoção dessas tecnologias e facilitando o caminho rumo à neutralidade climática.
Um importante passo foi dado em março quando Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e WRI Brasil reuniram especialistas e interessados, além de representantes do Ministério de Minas e Emergia (MME), em São Paulo para explorar o tema e debater o status das tecnologias de remoção de carbono no Brasil e emitiram um comunicando conjunto convocando para a troca de experiências.
A seguir, o posicionamento conjunto do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e do WRI Brasil:
“A meta de neutralidade climática até 2050 do Brasil será alcançada por meio da construção de uma estratégia de longo prazo (LTS, na sigla em inglês) que incorpore ações de mitigação de gases de efeito estufa e, complementarmente, ações de remoção dos gases residuais que não podem ser mitigados. As tecnologias de remoção de carbono (CDR), de origem natural ou da engenharia, são alternativas necessárias para a trajetória de neutralidade do país até 2050.
O último relatório do IPCC (AR6) deixa pouca margem de dúvida quanto à importância crítica da remoção de carbono¹, como complemento à redução drástica das emissões para alcançar e manter a neutralidade de carbono, em especial quando tratamos das emissões residuais difíceis de reduzir, em setores produtivos como o industrial e o energético.
No caso do Brasil, as tecnologias de CDR podem ser uma rota tecnológica à disposição no prazo mais longo, a depender do seu custo-efetividade e da superação de desafios econômicos, tecnológicos, sociais e ambientais.
No entanto, globalmente falando, há uma lacuna considerável entre a trajetória necessária para alcançar o net zero e as remoções de carbono efetivamente sendo feitas pelos países. Atualmente, as tecnologias de CDR removem menos de 1 MtCO₂/ano, o que representa menos de 1% da média da meta de remoção de carbono necessária até 2030.
Considerando o crescente interesse, tanto público quanto privado, nas tecnologias de CDR, é necessário promover a disseminação sobre as oportunidades e desafios para a realidade nacional. Compreendendo as particularidades e viabilidades para os diferentes setores da economia e como realmente contribuirão para reduzir o histórico excesso de CO₂ na atmosfera, por meio de um diálogo intersetorial robusto, sustentado por informações confiáveis e baseadas em evidências científicas, será possível avançar na adoção destas tecnologias para viabilizar a trajetória rumo à neutralidade climática.”
¹Fonte: https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg3/downloads/outreach/IPCC_AR6_WGIII_Factsheet_CDR.pdf (acesso em 25/03/2025)