Novo fundo de florestas tropicais precisa impulsionar a transição justa
Dubai, 2 de dezembro de 2023 — No segundo dia da COP28 em Dubai, os ministros Marina Silva e Fernando Haddad, junto ao embaixador André Corrêa do Lago, anunciaram o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, um instrumento financeiro para pagamento por floresta em pé, com aportes de países com fundos soberanos, entre outros investidores. O fundo tem como objetivo incentivar a conservação e desincentivar fortemente o desmatamento e a degradação florestal.
A seguir, o posicionamento de Mirela Sandrini, Diretora de Florestas, Uso da Terra e Agricultura do WRI Brasil:
“Para que o Fundo cumpra seu objetivo, ele deve somar esforços no cumprimento e aprimoramento de legislações ambientais existentes, além de apoiar a implementação políticas públicas e incentivos para atividades de conservação, restauração e desenvolvimento sustentável.
“No caso do Brasil, é imprescindível que o Fundo beneficie as populações tradicionais e os povos indígenas, que são guardiões dos territórios com maior cobertura florestal no país, e que também impulsione uma bioeconomia que garanta uma vida digna para milhões de pessoas que vivem e dependem dos produtos e serviços das florestas. A proposta de implementação simplificada, em que o Fundo leva em consideração a área de floresta, e não cálculos potenciais sobre carbono, biodiversidade ou outros serviços ecossistêmicos, pode ser uma saída prática para já beneficiar povos das florestas ou proprietários de terra que preservam e conservam essas áreas.
“A Nova Economia para a Amazônia Brasileira, lançada este ano, mostra que o fim do desmatamento e a manutenção da floresta em pé não restringirão o desenvolvimento socioeconômico da região. Muito pelo contrário: é uma oportunidade para todos os setores – para garantir a produção contínua de alimentos saudáveis, reduzir a desigualdade por meio da criação de novos empregos e aumentar o PIB, protegendo a natureza e melhorando a vida dos habitantes locais de maneira justa e inclusiva.
“Do ponto de vista político-institucional, o anúncio desse Fundo também pode acelerar as novas parcerias que estão se desenhando com os outros países que da Pan-Amazônia, bem como a restauração em outros biomas com relevante vocação florestal, como a Mata Atlântica, por exemplo."