Para medir o quanto a população de Porto Alegre está preparada para a ocorrência de eventos extremos, sejam naturais ou causados pelo homem, e a capacidade de recuperação dos mesmos, aconteceu (8/10) a Oficina de Avaliação de Indicadores de Resiliência Individual. O evento ministrado pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis, em parceria com o Projeto Porto Alegre Resiliente, aconteceu no Santander Cultural. Para elaborar os números, o WRI Brasil formulou indicadores de resiliência pessoal, divididos em seis grupos: coesão social, extensão institucional, percepção de risco, conhecimento e competências, comunicação e recursos econômicos.

A Oficina objetiva, entre outros aspectos, mapear ações para reduzir a vulnerabilidade das pessoas nas comunidades, aumentar a capacidade de adaptação e da equidade social, bem como incentivar comunidades a ter uma maior cultura colaborativa e indivíduos mais preparados. O mapeamento é possível por meio de indicadores comunitários como coesão social e extensão institucional; e indicadores individuais como percepção de risco, preparação, conhecimento e competências, comunicação e economia.

Participaram da atividade representantes da Associação de moradores do Morro Santana, bairro Partenon, 17ª Região das Ilhas, Ilha dos Marinheiros, Vale do Paranhama, assim como do Observatório da Cidade de Porto Alegre (ObservaPOA), Assembleia Legislativa, Defesa Civil, Prefeitura, Orçamento Participativo e da Secretaria de Governança. Os participantes foram divididos em pequenos grupos para avaliar a relevância de cada indicador.

Conheça os indicadores elaborados pela Analista de Pesquisa do WRI Brasil, Katerina Elias Trostmann:

Indicadores comunitários

  • Coesão social: a interconexão, comunicação e apoio dentro de uma comunidade.

  • Alcance institucional: a relação de canais de comunicação entre a comunidade e o governo municipal.

Indicadores individuais

  • Percepção de risco: como cada indivíduo percebe a probabilidade e a gravidade de um desastre climático.

  • Preparação: a preparação e autoconfiança de um indivíduo sobre desastres climáticos.

  • Comunicação: acesso de um indivíduo a tecnologia de comunicação e potencial para o isolamento durante um evento emergencial.

  • Conhecimentos e competências: conhecimento de um indivíduo sobre riscos climáticos e habilidades para lidar com eles.

  • Recursos econômicos: o acesso ao financiamento em caso de emergências, e qual a flexibilidade das fontes de renda dos indivíduos, incluindo opções alternativas de subsistência.

A Oficina integrou o Porto Alegre Resiliente, projeto para o desenvolvimento de uma estratégia que ajude a cidade a se tornar mais preparada para o enfrentamento de desafios físicos, sociais e econômicos. Desde dezembro de 2013, quando foi escolhida pela Fundação Rockefeller para participar do desafio “100 Cidades Resilientes”, Porto Alegre iniciou o processo de discussão para produzir uma estratégia de resiliência. No Brasil, apenas duas cidades foram selecionadas: a capital gaúcha e o Rio de Janeiro.

A coordenadora de Projetos de Transporte e Clima do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, Magdala Arioli, liderou a Oficina ao lado de Katerina Elias Trostmann, Analista de Pesquisa do WRI Brasil, e os vice-diretores do Projeto Porto Alegre Resiliente, Patrick Fontes e David Madalena. “Somente através de um diálogo e do processo colaborativo podemos efetivar o auxílio aos representantes da sociedade que vão lidar com as adversidades, bem como os planos de ação e principais eixos de atuação”, explicou Magdala.

/sites/default/files/POA%20Individual%20Resilience%20Indicators%202.jpg Magdala Arioli. (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Cezar Busatto, Secretário de Governança de Porto Alegre, destacou a importância de realizar essa construção coletiva em parceria com o WRI Brasil Cidades Sustentáveis, o projeto Porto Alegre Resiliente, assim como integrantes de comunidades locais, Assembleia Legislativa e Orçamento Participativo. “Tudo isso faz parte de um novo paradigma que estamos desenvolvendo, tomando consciência e preparando nosso planejamento para sermos uma cidade e um estado que possa se dizer resiliente, buscamos evoluir para isso, pois a resiliência nos leva a viver em harmonia com o ambiente e com os outros”, destacou.

/sites/default/files/POA%20Individual%20Resilience%20Indicators%203.jpg Secretário Busatto. (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Segundo estudo do Instituto de Adaptação Global (GAIN, na sigla em inglês), o Brasil não está totalmente preparado para as mudanças climáticas e seus impactos. A pesquisa ressalta que entre os pontos fracos do Brasil estão relacionados a sua infraestrutura e ao fato de ser um país de enorme extensão e com grande população pobre. Atualmente, o país é o 112º do ranking de países com assentamentos urbanos mais vulneráveis em uma lista de 180 nações.

Katerina Elias Trostmann apresentou os indicadores e destacou como, em níveis locais, os fatores de vulnerabilidade e adaptação variam entre os bairros e comunidades. “Por isso, a importância de indicadores de resiliência individual, pois assim os cidadãos têm ferramentas para reagir frente às situações de vulnerabilidade, pois são eles os primeiros a sofrer os impactos e os conhecedores dos locais”, ressaltou.

/sites/default/files/POA%20Individual%20Resilience%20Indicators%204.jpg Katerina Elias. (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Durante a dinâmica, os participantes pontuaram indicadores como: o número de escolas capacitadas pela Defesa Civil, Comitê de Resiliência Comunitário, Kit de Resiliência para população, número de pessoas treinadas para responder a situações emergenciais.

Márcio Cardoso, agente de Defesa Civil, Coordenador da equipe de Primeira Abordagem, destacou como através desse trabalho realizado pelo WRI Brasil, os cidadãos podem se tornar multiplicadores e fazer parte de um trabalho maior. “A Defesa Civil acompanha esse projeto de perto, pois precisamos pensar ações através de planejamento e testar essas ações da maneira correta, com apoio técnico qualificado”, disse o agente. “Essas iniciativas trazem segmentos da comunidade através de pessoas proativas e lideranças propriamente ditas, que mostram comprometimento dentro das comunidades e se tornam ícones e referências para multiplicar esse trabalho”, concluiu.

/sites/default/files/POA%20Individual%20Resilience%20Indicators%205.jpg Dinâmica em grupos para avaliar indicadores de resiliência individual. (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Cláudio Silva da Rocha, Coordenador da Oficina Regional Permanente de Proteção e Defesa Civil do Vale do Paranhana, ressaltou que a oficina cumpre a necessidade de trabalhar na prevenção e estabelecimento de parâmetros para avaliar a preparação das pessoas para desastres naturais. “A oficina é importante, pois assim temos as ferramentas de avaliação para fazer a correção de rumos no processo de planejamento e operação de nossas ações.”

Com os dados dos indicadores definidos, a equipe do WRI Brasil Cidades Sustentáveis vai consolidar os resultados e contribuições para trabalhar com os especialistas do projeto Porto Alegre Resiliente em uma aplicação-piloto dos indicadores em uma comunidade a ser definida. Além disso, a organização fornecerá material à Defesa Civil para sua cartilha de capacitação.